Microscopia:
A descoberta da célula e a teoria celular
A invenção do microscópio,
cerca de 400 anos atrás, começou a revelar à humanidade o mundo minúsculo das
células e dos micro-organismos. Acredita-se que tenham sido dois holandeses,
fabricantes de óculos, Hans e Zacharias Janssen, pai e filho, os inventores do
primeiro aparelho em 1591. Entretanto, foi um outro holandês, Antonie van
Leeuwenhoek (1632-1723), quem fez as primeiras observações de materiais
biológicos. Os microscópios de Leeuwenhoek tinham apenas uma lente. Mesmo assim
ele observou um material bem variado como os espermatozoides do sêmen de
animais e os glóbulos vermelhos do sangue humano. Desse
modo, ele descobriu a existência dos micro-organismos, que, na época, foram
chamados genericamente de micróbios.
Por ter apenas uma lente, o invento de Leeuwenhoek, é chamado de
microscópio simples Tomando conhecimento de sua existência, o inglês Robert
Hooke (1635-1703) o aperfeiçoou e construiu um aparelho com duas lentes, que
ficou conhecido como microscópio composto. o que permitiu observações ainda
mais ampliadas do mundo dos micro-organismos.
A descoberta da célula
Com seu aparelho, Robert Hooke fez
muitas observações e descreveu o que viu utilizando-se também de desenhos. Em
1665, publicou suas observações em um trabalho chamado
"Micrographia". Nesse trabalho, entre outros desenhos, estão os que
fez ao observar a cortiça, material que constitui a casca de certas árvores da
Europa. Observando fatias muito finas de cortiça, Hooke descobriu que esse
material tem densidade baixa por ser constituído de caixinhas microscópicas
vazias. Cada caixinha, o cientista chamou de "cell", que significa
cavidade, cela, em inglês. Essa denominação originou o nome célula - diminutivo
de cela - em português.
Depois da descoberta da célula,
outros pesquisadores passaram a estudar as diversas partes das plantas e,
posteriormente, os animais também foram estudados. Logo foi descoberto o
material gelatinoso que constitui o citoplasma das células. Em 1833, o
botânico escocês Robert
Brown (1773-1858) constatou que a grande maioria das
células tinha uma estrutura interna ovoide ou esférica, a que chamou de núcleo.
Outras observações e descobertas
dessa época foram a membrana
plasmática em células animais e vegetais e um
envoltório externo a essa membrana, nas células vegetais, a parede celular.
A teoria celular
Os estudos continuaram e os
microscópios foram sendo gradativamente aperfeiçoados. Com isso, obtiveram-se
imagens cada vez mais nítidas do mundo miscroscópico, que permitiam observações
e descrições mais rigorosas. Em 1838, o botânico alemão Mathias Schleiden (1804
- 1881) concluiu que todas as plantas eram constituídas por células. Um ano
depois, o zoólogo Theodor Schwann (1810 - 1882), também alemão, chegou à mesma
conclusão em relação aos animais. Essa generalização proposta por Schleiden e
Schwann ficou conhecida como teoria celular: todo ser vivo é
constituído por células.
Os vírus e as células
A formulação da teoria celular fez
aumentar o interesse dos cientistas pela microbiologia e os processos vitais da
célula passaram a ser estudados. Descobriu-se a existência de organismos
unicelulares (como as bactérias), isto é, formados por uma única célula. A partir daí, chegou-se à
conclusão de que uma célula tem que desempenhar determinadas atividades
características dos seres vivos, como se alimentar, obter energia e
reproduzir-se.
Desde o século 19, portanto, a célula
passou a nortear os estudos da biologia. A partir de 1950, o desenvolvimento do
microscópio eletrônico permitiu o estudo dos vírus - os menores organismos
conhecidos - e a constatação de sua estrutura acelular, ou seja, ele não se
compõe de células. Inicialmente acreditou-se que essa descoberta abalaria a
teoria celular, mas isso não ocorreu. Para se reproduzirem, os vírus precisam
invadir uma célula viva e utilizar sua matéria-prima e energia. Essa
constatação acabou confirmando que as atividades essenciais à vida sempre
ocorrem no interior das células vivas.